A ideia é promover impactos ambientais positivos, combinados com o uso sustentável da biodiversidade, garantir a segurança alimentar e a geração de renda com o Cerrado e a Caatinga em pé.

Chapada Gaúcha, município localizado no noroeste de Minas Gerais, se destaca pelo acelerado desenvolvimento agropecuário e pela liderança na produção de sementes de forrageiras. É também o berço de um dos maiores remanescentes de Cerrado do país pela presença do Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu (MSVP), formado por 12 unidades de conservação, além de terras indígenas, totalizando quase 2 milhões de hectares.

Além da forte presença da agricultura convencional no município, centenas de produtores familiares sobrevivem do uso sustentável da agrobiodiversidade, seja pelo extrativismo de frutos do Cerrado, como pequi, cajuzinho-do-mato, fava d´anta, buriti, mangaba, baru, araticum, entre outros, seja pela produção agrícola de subsistência. Esses produtos estão sendo processados e comercializados com a ajuda de cooperativas e organizações parceiras.

A Cooperativa Sertão Veredas, criada em 2006, atua no município e comercializa produtos típicos, de qualidade, para os mais variados mercados, alcançando os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e o Distrito Federal. Atualmente essa iniciativa conta com cerca de 90 famílias cooperadas e centenas de agroextrativistas colaboradores, que têm a renda complementada a partir do processamento e comercialização dos produtos que coletam ou cultivam. Entre os principais objetivos dessa iniciativa, destaca-se a geração de renda, o manejo sustentável da biodiversidade, o resgate da cultura alimentar regional, a promoção da Segurança Alimentar e Nutricional, entre outros.

O presidente da cooperativa, José Correia Quintal, “seu Zezo”, comemora a melhoria de vida de todos os atores envolvidos nesse trabalho e ressalta a importância da valorização do potencial do Cerrado e do reconhecimento do serviço ambiental prestado pelos agroextrativistas na conservação do bioma. Ele destaca que “o site Cerratinga tem um papel importante na divulgação dos produtos e das formas de prepará-lo colaborando com divulgação e fortalecimento do trabalho”.

Para funcionar como fonte de informações para os consumidores conhecerem melhor as iguarias destes biomas, o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), em parceira com organizações da Caatinga e do Cerrado, lançou o site Cerratinga (www.cerratinga.org.br). A iniciativa tem o intuito de atuar como um ponto de encontro onde os consumidores podem saber mais sobre os produtos e produtores, colaborando com a conservação dos biomas, a proteção de seus povos e a valorização dos meios de vida sustentáveis e da cultura local de diversas comunidades agroextrativistas.

Renato Araújo, assessor técnico do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), conta que o portal apresenta 25 espécies de plantas do Cerrado e da Caatinga e aborda suas características nutricionais, bem como seus valores na medicina popular. Segundo ele, “ao adquirir um produto da biodiversidade nativa o consumidor está contribuindo não só para a geração de renda daquela família, mas também para a preservação da cultura local e para a conservação dos biomas. Na maioria dos locais as únicas alternativas econômicas são a pecuária e a monocultura, forçando os pequenos agricultores a desenvolverem atividades que dependem do desmatamento e que causam passivos ambientais. Já o agroextrativismo sustentável é uma atividade de alto potencial de mercado e que é desenvolvida com a vegetação em pé, preservando as matas e os modos de vidas das comunidades. Mas para isso precisamos avançar na formalização das cadeias produtivas e na criação de mercados consumidores.”

Entre as diversas seções o portal traz a de receitas, em que o internauta pode aprender como preparar refeições com ingredientes nativos e requintes culinários como: risoto de buriti; salada goiana; filé de frango ao molho de murici; e purê de castanha de caju com shitake trufado. Para a sobremesa, petit gateau feito com jatobá, sorvete de araticum e brigadeiro branco de mangaba.

No menu “populações” pode-se encontrar informações sobre o contexto geográfico e cultural das comunidades que conservam e coletam os frutos. O Cerratinga indica também os contatos dos produtores e redes de comercialização para que os produtos possam ser adquiridos diretamente da fonte.

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